Jorge Sampaoli: a trajetória do técnico que retornou ao Atlético-MG para uma segunda passagem e busca a consagração definitiva
- 06/11/2025
Quem é Jorge Sampaoli e por que seu momento no Atlético-MG está em pauta?
Jorge Sampaoli é o intenso técnico argentino que, em novembro de 2025, comanda o Atlético-MG em sua segunda passagem pelo clube, vivendo a pressão de classificar o time para a Libertadores e provar que seu método pode gerar títulos, e não apenas caos.
O treinador, conhecido pelo estilo elétrico à beira do campo e pela obsessão por um futebol ofensivo, volta a ser o centro do debate no futebol brasileiro. Sua equipe alterna atuações vibrantes e instáveis, fiel ao espírito de seu comandante. Enquanto parte da torcida celebra o retorno do “Galo corajoso”, outra teme que a história de desgaste e ruptura volte a se repetir.
A pauta sobre Sampaoli ganha força porque o momento do Atlético resume um dilema recorrente do argentino: a busca pela perfeição num ambiente em que o resultado imediato fala mais alto do que o processo.
Como foi a primeira passagem de Sampaoli pelo Atlético-MG?
Em 2020, Sampaoli foi o “arquiteto” que montou a base do time multicampeão de 2021, implementando um futebol agressivo e dominante, mas sua gestão foi marcada por um alto custo financeiro e uma saída abrupta.
A campanha do Atlético naquele Brasileirão foi vibrante: o Galo brigou pelo título até as rodadas finais e mostrou um futebol que fugia dos padrões da época. A pressão alta, a construção ofensiva com três zagueiros e o ataque posicional encantaram os torcedores e dividiram analistas.
Sob seu comando, chegaram nomes que mudariam a história do clube, Guilherme Arana, Junior Alonso, Zaracho, Keno e Vargas, todos pilares da futura geração campeã.
Mas, enquanto o futebol crescia, o relacionamento institucional ruía. A exigência incessante por reforços e a impaciência com o projeto financeiro da diretoria criaram fissuras. Antes mesmo do fim do contrato, o treinador anunciou sua ida ao Olympique de Marseille, deixando para trás o esboço de um time que estava prestes a explodir em conquistas.
Qual foi a trajetória de Sampaoli antes de retornar ao Galo?
Após deixar o Atlético, o comandante teve passagens marcantes e turbulentas pela Europa e pelo Brasil. No Olympique de Marseille, levou o clube à Champions League e conquistou o respeito de parte da imprensa francesa por seu estilo intenso e ofensivo.
No Sevilla, o impacto foi menor, mas o argentino manteve o prestígio de treinador que desafia hierarquias e impõe ideias. Já no Flamengo, em 2023, viveu uma temporada de extremos: foi vice-campeão da Copa do Brasil, mas colecionou conflitos internos, rotatividade excessiva e desgaste com o elenco. Essas experiências moldaram o “Sampaoli 2.0”, mais experiente, mas ainda movido por impulsos e convicções inegociáveis.
Quando Sampaoli retornou ao Atlético-MG e qual era o contexto?
Sampaoli foi recontratado no início de 2025, em uma decisão surpreendente da SAF atleticana, que buscava um nome de impacto capaz de resgatar o protagonismo e a identidade ofensiva do clube.
O contexto era claro: o time vinha de temporadas irregulares e precisava de um choque de energia, de alguém que restabelecesse a intensidade que definira o Galo nos anos de glória.
A torcida se dividiu. Parte via no retorno do argentino a chance de reviver o futebol ousado de 2020; outra temia o retorno dos bastidores tensos, dos gastos excessivos e do temperamento imprevisível. O ambiente, portanto, já nasceu elétrico, como o próprio Sampaoli.
Como está o desempenho do Atlético-MG sob Sampaoli em 2025?
O time carrega a marca registrada do treinador: posse de bola alta, movimentação intensa e pressão no campo adversário. Em campo, o Atlético de 2025 é um espetáculo de energia, mas também de fragilidade.
Os números são expressivos em volume de ataque, mas as falhas defensivas e a instabilidade emocional cobram caro. O Galo está na briga por uma vaga no G-6 do Brasileirão, mas alterna vitórias empolgantes e tropeços frustrantes.
Taticamente, Sampaoli mantém sua teimosia: rodízio frequente, escolhas ousadas e insistência em jogadores de sua confiança. A SAF cobra resultados imediatos, afinal, o investimento é pesado, e o técnico responde com o que sempre soube fazer: intensidade e convicção.
Por que Sampaoli ainda é criticado pela torcida?
As críticas se repetem com o mesmo tom de 2020: “teimosia” tática, desorganização defensiva e o temor de que o técnico volte a pedir reforços fora da realidade financeira do clube.
A relação com a torcida é de amor e exaustão. Há admiração por sua coragem, mas impaciência com o caos que parece seguir cada projeto seu. Nos bastidores, a diretoria tenta equilibrar a equação.
Um dirigente confidenciou recentemente: “Dessa vez, o alinhamento é maior. Ele sabe que há limites.” Ainda assim, Sampaoli continua sendo ele mesmo, um vulcão que o clube tenta conter sem apagar o fogo que o faz único.
O que Sampaoli diz sobre sua segunda chance e as críticas?
O próprio técnico, em entrevistas recentes, tem demonstrado um discurso mais controlado, mas sem abrir mão da essência.“O Atlético me buscou porque conhece minhas ideias. Não vou mudar minha forma de sentir o futebol.”
Sampaoli afirma que voltou mais maduro, disposto a construir um projeto de longo prazo, mas insiste que a autenticidade é o que o mantém vivo no futebol. Para ele, mudar seria trair o que o fez chegar até aqui.
Qual é o legado de Sampaoli e o que esperar do futuro?
Com contrato em vigor até o fim de 2026, o futuro imediato de Sampaoli depende da classificação para a próxima Libertadores, algo que, para ele, significaria a validação definitiva de seu retorno.
Seu legado, por enquanto, é o de um técnico que insiste em desafiar a lógica do resultado. O Atlético vê nele um arquiteto de ideias, alguém que ainda não concluiu sua obra, mas que, quando erra, o faz tentando reinventar o jogo.
A diretoria torce para que, desta vez, ele permaneça tempo suficiente para colher os frutos do que planta. A torcida, por sua vez, vive entre a esperança e o medo: Sampaoli pode ser tanto o começo de uma nova era quanto o eco de uma velha ferida.
O cometa que insiste em voltar
Jorge Sampaoli é o tipo de personagem que o futebol não esquece e nem consegue controlar. Sua volta ao Atlético-MG é mais do que um reencontro: é a tentativa de reconciliar o fogo com o método, a paixão com a estabilidade.
Em 2025, ele encara o maior teste de sua carreira brasileira: provar que a intensidade pode gerar títulos, que o caos pode conviver com a constância em competições de extrema importância.
A pergunta que paira sobre a Arena MRV é quase literária: será que Sampaoli, enfim, transformará o relâmpago em luz permanente? Ou continuará sendo o cometa que encanta, destrói e desaparece antes do amanhecer?
